segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

FRANCES FARMER



























































Frances Elena Farmer nasceu em 19 de Setembro de 1913 e faleceu em 01 de Agosto de 1970, foi uma actriz americana de cinema, teatro e televisão.
É talvez mais conhecida pelas narrações sensacionalistas e ficcionais da sua vida, e especialmente pelo seu internamento compulsivo de seis anos num hospital psiquiá-trico. Após a sua morte, Farmer foi assunto de três filmes, três livros e numerosas canções e artigos de revistas.
Frances foi a mais notória das estrelas que não queriam fazer o tal do jogo por ter sido justamente a mais trágica, com direito a lobotomia literal e tudo mais, mas antes dela Louise Brooks e depois sua contemporânea Veronica Lake sofreram da mesma inconformidade.
Para as novas gerações, o nome de Frances Farmer é quase desconhecido. Mas mesmo assim, esta atriz americana inspirou livros semi-biográficos, canções e poemas, e ainda filmes sobre a sua vida, como o desconcertante 'Frances' (1982) com Jessica Lange, nomeada para o Oscar de melhor atriz em 1983.
Kurt Cobain confessou admirar esta mulher que ousou quebrar as regras de Hollywood com a sua personalidade forte, franqueza crua e algum idealismo de esquerda. No albúm "In Utero", Cobain chegou a incluiu uma faixa denominada "Frances Farmer will have her revenge on Seattle".
A história de Frances é envolvente pela incerteza e sentido de injustiça que des-perta em algumas situações descritas. De Estrela de Cinema a rebelde com compor-tamentos anti-sociais e problemas de alcool, Frances Farmer foi tida como alguém desenquadrado do Star System dos anos 40, acabando por passar vários anos em insti-tuições de tratamento mental.
A teoria da conspiração nasce sobretudo pela sua posição socialista face a Hollywood e aos valores de uma América hipócrita na primeira metade do século XX.
Com apenas 17 anos de idade venceu um concurso literário realizado por um Jornal de Seattle. Escreveu um ensaio sobre a a morte de Deus, "God Dies" no original, onde colocou em causa a existência de um Deus poderoso que permite a proliferação da injustiça e a condenação dos inocentes. Se ele existe, segundo Frances, deve ter morrido, porque se assim não fosse ele não permitiria um mundo tão injusto como o nosso. Foi um escândalo na puritana cidade de Seattle, mas mesmo assim a pequena escritora venceu o prémio.
Mais tarde enveredou pela arte da representação. Começou a ler dramaturgia de qualidade e sonhou em ser uma grande actriz de palco. Queria ser uma actriz à séria, daquelas que brilham no momento certo, que recitam palavras sublimes e vivem o momento em tempo real para depois poderem sentir o calor de uma salva de palmas que ousa não querer silenciar.
O destino quis que a menina loira e talentosa fosse de facto uma belíssima atriz. Conseguiu entrar na hermética comunidade do Teatro e mais uma vez vence um concurso de talentos. Como prémio pela sua prestação de qualidade superior, ganhou uma viagem à ex URSS, e com isso nasceu uma nova polémica na sua vida.
Frances foi para a Rússia e conheceu os melhores teatros de Moscou. Voltou para os Estados Unidos algumas semanas depois e descobriu que a sua viagem tinha feito correr muita tinta nos jornais, preocupados com a possibilidade de uma menina americana ter sido aliciada para o Comunismo. Para ela tudo aquilo era um disparate. Conhecer o mundo e aprender coisas novas não significava nada mais do que isso mesmo: querer conhecer mais e melhor.
Toda a publicidade extra da viagem à Russia popularizou Frances nos Estados Unidos. Hollywood interessou-se na sua beleza loura e propôs-lhe um contrato de sete anos com a Paramount. Ela aceitou. Era o mais próximo daquilo que ela queria de verdade para si: fazer teatro e ser uma boa atriz.
Hollywood explorou a sua beleza em fitas que Frances considerava superfluas e despro-vidas de verdadeiro valor. Tentaram glamourizá-la. Torná-la numa super estrela de estilo, elegância e vestidos bonitos. Mas tudo o que ela queria era representar com qualidade. Ser uma actriz, e não uma idiota de poses sexy em fato de banho e toile-ttes de gala.
Após alguns filmes durante os anos 30, dos quais se destacam "Come and get it" e o "The Toast of New York" com Cary Grant, Frances Farmer quis sair do agressivo sis-tema de estúdio e seguir o velho sonho de fazer teatro.
Ora nesta altura Hollywood não admitia uma retirada de cena tão atroz. Não compreen-diam como poderia uma mulher tornada estrela de cinema, querer deixar de o ser e preferir seguir carreira num formato menos rentável e bastante menos mediático. Começaram aqui os verdadeiros problemas de Frances agravados pela sua personalidade forte e combativa, e algum infortúnio no amor.
Uma personalidade bem vincada misturada com inteligência não era suposto acontecer numa mulher tão bonita como ela foi. Frances Farmer viu o seu espirito quebrado por culpa de todos aqueles que não se esforçaram por a compreender: Hollywood que a via como uma ingrata e uma louca desbocada, a sua própria mãe que a empurrava constan-temente para o mundo do glamour e dos guiões de cinema, e a sua própria solidão que a atormentava mais do que tudo.
O resto da história é o que de melhor se conhece e especula. Depois de uma série de conflitos em Hollywood, problemas de bebida e ataques de raiva súbita, Frances Farmer acabou por ser colocada em vários institutos psiquiátricos para tratamento. Escreveu-se durante muito tempo que sofreu atrocidades durante os tratamentos médicos. Diz-se também que passou por verdadeiras torturas experimentais, uma vez que a Psiquiatria ainda estava a dar os primeiros passos. E há ainda quem afirme que Frances chegou a ser submetida a uma lobotomia.
Na realidade o mais horrível que aconteceu a Frances Farmer foi nunca ter sido compreendida e respeitada enquanto ser humano com vontade própria. Hollywood deu-a a conhecer ao mundo, mas exigiu sempre um preço demasiado alto; a mãe de Frances vivia através da filha uma vida paralela com os sucessos no cinema e nunca compreendeu como poderia ela querer renunciar a uma vida de princesa do grande ecrã.
Tudo o que ela quis foi um pouco de compreensão e respeito pelo seu livre arbítrio.
Frances foi casada três vezes, a primeira delas com Leif Eriksson e não teve filhos.

3 comentários: